O Tabernáculo: A Arca da
Aliança
A arca da aliança tem um longo, nobre e importante
legado. Instruções para a sua construção e explicações referentes a um local de
encontro, entre Deus e os seres humanos, são dadas em primeiro lugar em Êxodo
25.20-22. Existem, na Bíblia, mais de vinte diferentes designações para a arca.
Essa arca retangular de madeira de acácia era banhada a ouro e coberta por dois
querubins alados que se estendiam um de frente para o outro, sob aquelas asas
estava o propiciatório, e no Dia da Expiação, era ali que o sumo sacerdote
aspergia o sangue dos sacrifícios para a propiciação e expiação dos pecados. A arca continha três itens: os Dez
Mandamentos escritos em duas tábuas (Êx 25.16; 40.20; 1Rs 8.9), a vara de Arão
(Nm.17) e um vaso de maná (Êx 16.33). Visto que palavras e frases como:
“aliança” (Dt 4.13), “palavras da aliança” (Êx 34.28) e “testemunho” (Êx 25.16,
21; 40.20; 2Rs 17.15) são todas terminologias alternativas para “Dez
Mandamentos”, pode ser que as duas tábuas colocadas na arca contivessem cópias
dos termos da aliança para as duas partes: Deus e Israel.
Mais importante ainda, a arca simbolizava, para os israelitas, a
presença de Deus e era uma espécie de templo virtual colocada no tabernáculo.
Na história mais antiga de Israel, a arca serviu
como salvaguarda, um objeto sagrado que garantia a segurança do povo de Israel,
especialmente na guerra. A presença de Deus como um guerreiro divino
representando seu povo é representada de várias maneiras ao longo do Antigo
Testamento. Uma música marcial acompanhava a movimentação da arca:
Partindo a arca, Moisés dizia:
Levanta-te, SENHOR, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti
os que te odeiam. E, quando pousava, dizia: Volta, ó SENHOR, para os milhares
de milhares de Israel. (Nm
10.35–36).
Essa canção evidenciava a identificação de Yahweh
com a arca. A arca simbolizava a presença de Deus no meio de seu povo quando
eles saiam para a batalha contra os habitantes de Jericó e contra os filisteus,
e chegou a ser levada para a batalha por Davi, isso fazia da arca um santuário
móvel.
O auge da importância da arca, na história
redentora do Antigo Testamento, veio quando Davi trouxe a arca para Jerusalém
(2Sm 6.12-19; Sl 24.7-10; 132). Davi queria construir um templo no qual a arca
seria colocada; no entanto, essa tarefa ficou para seu filho. Quando Salomão
construiu o templo, ele colocou a arca no Santo dos Santos (1Rs 8; 2Cr 5).
Nesse tempo, o templo passou a ocupar um lugar de destaque nos rituais de
Israel, e a arca teve sua importância diminuída.
A arca desapareceu presumivelmente quando os
babilônios saquearam Jerusalém, contudo, Jeremias, o profeta, disse ao povo que
não se desesperasse ainda que a arca não fosse recuperada; e mais, que
Jerusalém se tornaria o lugar do trono e da presença de Deus, o novo centro
onde, no futuro, um grande fluxo de adoradores e servos viria prostrar-se
diante do escabelo dos pés de Jesus Cristo, seu rei.
A arca da aliança e, mais particularmente, o propiciatório, era o local
onde Moisés recebia a palavra de Deus: “Ali, virei a ti e, de cima do
propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho,
falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel”.
(Êx 25.22). Era também o lugar onde Moisés podia orar a Deus em favor do povo
(33.7–11; 34.34; Números 12. 4–8). Samuel ouviu a palavra de Deus quando estava
deitado no templo em frente à arca (1Sm 3.3). Este era um lugar de oração
(1.9), e provavelmente tenha sido diante da arca que Davi orou como registrado
em 2 Samuel 7.18. Pode até ter sido diante da arca que Isaías recebeu seu
chamado(Is 6).
Os
hebreus não eram muito propensos a representar Deus de forma visual; em vez
disso, eles o representavam em palavras. Que melhor maneira haveria do que um
retrato espiritual de seu Deus sendo revelado pelo próprio Deus em testemunho
de “palavras”? Pois foi nesse “testemunho” nas tábuas de pedra que o caráter
absolutamente moral de Deus foi revelado. Quando Cristo veio, esses tipos e
sombras passaram. Todas essas sombras deram lugar ao verdadeiro templo (Jo
2.19-22). Jesus, que antes de se encarnar, era a Palavra de Deus no Antigo
Testamento, tornou-se a Palavra de Deus que “tabernaculou” entre os seres
humanos (Jo 1.14; Cl 2. 9).
Agora,
Jesus, o verdadeiro Guerreiro Divino, age efetivamente em nome do seu povo
através da sua Palavra (1Ts 2.13). Jesus é, agora, nossa luz e guia (Jo 8.12).
Voltando-se para o que um autor chamou de “Acrópole da fé cristã”, observamos
que o apóstolo Paulo declara que Cristo agora realizou um sacrifício que
aplacou a ira, um sacrifício de expiação pelos pecados do seu povo (Rm 3.25). O
tipo deu lugar ao antítipo.
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