O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
Gunnar Vingren
Janeiro de 1919
Tratando-se de assunto tão importante como este, certamente não devemos lançar a menor ponderação que seja, sem primeiro abrir a Bíblia sagrada e ler alguns versículos que tem relação íntima e indivisa com a doutrina do batismo no Espírito Santo:
“...Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”, Mt.3:11. “Ele , porém, vos batizará com o Espírito Santo”, Mt.1:8. “Esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”, Lc.3:16. “Sobre aquele que vires descer o Espírito Santo, e repousar sobre ele, esse é o que batiza com o Espírito Santo”, Jo.1:33. “João batizou com água, porém, vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”, At.1:5. “...O Espírito Santo que Deus deu àqueles que lhe obedecem”, At.5:32. “Pois se vós sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o nosso Pai Celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem”, Lc.11:13.
Assim. o Senhor não somente disse a seus discípulos que pedissem ao pai para receberem o Espírito Santo, como mandou também que esperassem a promessa do Pai em Jerusalém: “Ficai, porém, vós na cidade de Jerusalém , até, que do alto sejais revestidos de poder”, At. 4:1 e Lc.24:49. “Mais recebereis poder quando vier sobre vós o Espírito Santo”, At. 1:8 (tradução do original grego). E os discípulos obedeceram a palavra do Senhor, e esperaram cerca de dez dias, até que receberam o Espírito Santo. “E adorando-o eles, tornaram, com grande júbilo para Jerusalém. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus”, Lc.24:52,53. “Então voltaram para Jerusalém... E, entrando, subiram ao cenáculo...Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos (Ora a multidão junta era de quase 120 pessoas)”, At.1:12 “E, cumprindo-se o dia de pentecostes, estavam todos concordemente reunidos. E de repente veio do céu um som, como de um vento, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, e pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concediam que falassem”, At.2:1-4.
E então foi o cumprimento, não só da palavra do Senhor e os seus apóstolos, batizando-os como falou e a cerca de 120 pessoas como da profecia de Joel: “nos últimos dias, diz o Senhor, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne”, At.2:17. Jesus Cristo disse: “E estes sinais seguirão aos que crêem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas...”, Mc.16:17.
Entretanto, dirá quem ler: no Dia de Pentecostes as línguas que eles falaram foram numerosas, mas compreendidas, conhecidas e interpretadas por todos os presentes, porém em Éfeso, não se tem notícia que se assim fosse, e por que¿ Certamente que nesse não podia acontecer como no Pentecostes. Conta a Bíblia que em Jerusalém, se achavam reunidos representantes de “todas as nações que estão debaixo do céu” (At.2:5). Portanto, interpretes naturais de todas as línguas e dialetos. Tal, porém, não se deu em casa de Cornélio e em Éfeso, onde talvez nenhuma só língua pôde ser interpretada. Ainda assim, não é para admirar que a língua estranha, sem interpretação, não possa ser compreendida. Paulo diz: “...o que fala língua estranha , não fala aos homens, senão a Deus, porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistério”, 1 Co.14:2. O fato é que eles receberam o Espírito Santo (isto é, o batismo), tanto num como noutro, igualmente como os que foram batizados em Pentecostes. Pedro diz: “...também receberam como nós o Espírito Santo” (At.10:17).
O que não parece dúvida é que todos os que receberam o batismo no Espírito, nenhum deles o fez, sem o demonstrar por sinais convincentes e muito evidentes tais, como diz Marcos: falando língua estranha. E isto tanto em Jerusalém, como em Cesáreia e Éfeso, o que tornou-se uma operação tão verossímil quão definitiva, uma espécie de “doutrina” prática ou experimental, se assim podemos dizer. Assim compreendeu Pedro em casa do centurião Cornélio, que todos os presentes haviam sido batizados “porque os ouviu falar línguas, magnificando a Deus”. E dizendo Pedro estas palavras caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviram a palavra. “Porque os ouviram falar línguas, e magnificar a Deus” (At.10:44, 46). Portanto a língua estranha é a manifestação mais perfeita e real da evidência do batismo no Espírito Santo, pois que, no momento em que o crente recebe o dom do Espírito Santo ele fala em língua que lhe é estranha e desconhecida.
Isto mais uma vez quer provar até a saciedade, satisfazer as investigações mais exigentes, derruir até o cerne da árvore má que frondeja contra o batismo do Espírito Santo, que a promessa do Pai, o batismo do Espírito Consolador é para o tempo e para hoje, é para agora. E isto é uma conclusão tão lógica, tão natural, tão acessível a todo o raciocínio, ao bom senso, ao senso comum, que nos dispensa de outros comentários. É uma proposição que a si mesmo propõe, se explica, e se conduz a todo o que a examinar com fé e humildade de coração. Pedro disse, no dia de Pentecostes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito santo”. “Porque a promessa vos pertence a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar”, At.2:38,39. “Os apóstolo, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas, somente eram batizados em nome do Senhor Jesus. Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo”. At.8:14-17. Aqui sucedeu que os apóstolos encontraram crentes convertidos e já batizados em água, mas que ainda não tinham recebido o Espírito Santo.
Orando, porém, os apóstolos sobre eles , mediante imposição das suas mãos, na mesma ocasião receberam o Espírito Santo. O texto não diz que falaram línguas nessa ocasião. Mas o Evangelista que redigiu o livro dos Atos, narrando este fato, diz em seguida ao recebimento do espírito Santo: “E Simão (o mago), vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos se dava o Espírito Santo” (v.18). Ora, vê-se bem que ele viu uma manifestação certa da presença do Espírito nos crentes, ao serem impostas as mãos de Pedro e João, pois que ele não podia ver o Espírito nas mãos materiais dos servos de Deus. Certamente é que Simão ouviu que os crentes falavam línguas estranhas, porque o Espírito não é cousa visível --- “O vento assopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim é todo o que é nascido do Espírito”, Jo. 3:8.
Assim, não resta a menor sombra de dúvida que Jesus Cristo é quem salva, e quem batiza no Espírito Santo, nos dias de hoje, como nos tempos dos apóstolos, pois que “nele não há mudança, nem sobra de variação alguma”. Jesus é sempre o mesmo, embora os homens se tenham ausentado da fé que possuíam os apóstolos. Ele, Jesus, nunca mudou, nem mudará, porque é “...aquele que é, que era e que há de vir” (Ap.1:4) Glória a Jesus! Deus não prometeu derramar seu Espírito no último dia. Mas, disse: E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne” At.2:17). Ora, se os apóstolos viveram nos “últimos dias” , quanto mais nós, que aparecemos 20 séculos (não são 20 anos) mais tarde do que eles!...E eles que há vinte séculos receberam o Espírito Santo, estou certo que não puderam recebê-lo também por nós e toda a posteridade, pois que faz-se necessário que cada um, por si mesmo, o receba. Por isso, Jesus disse: “Pedi, e dar-se-vos-há, buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á...quanto mais dará o nosso Pai Celestial o Espirito Santo aqueles que lho pedirem¿
Paulo, tanto conhecia a necessidade de cada um, por si mesmo, receber o Espírito Santo, que perguntou em Éfeso “Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes¿ E como não o tivessem recebido ainda, Paulo impondo-lhes as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falaram diversas línguas, e profetizavam”, At.19:1-7. Paulo ainda escreveu aos coríntios, testificando essa verdade: “Porque todos nós fomos batizados em um Espírito” (1 Co. 12:13).
Buscai a verdade, porque “Se conhecerdes a verdade, ela, vos libertará”
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