Justiça acata denúncia contra Edir Macedo e mais nove

terça-feira, 11 de agosto de 2009
Justiça acata denúncia contra Edir Macedo e mais nove
11 de agosto de 2009 • 12h37 • atualizado às 15h39

A Justiça paulista acatou denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP) com base em investigação feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) contra o bispo Edir Macedo e mais nove integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus, acusados dos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Além de Edir Macedo, foi instaurada ação criminal contra os bispos Alba Maria da Costa, Edilson da Conceição Gonzales, Honorilton Gonçalves da Costa, Jerônimo Alves Ferreira, João Batista Ramos da Silva, João Luís Dutra Leite, Maurício Albuquerque e Silva, Osvaldo Scriollli e Veríssimo de Jesus. De acordo com a assessoria de imprensa da Igreja Universal, os dirigentes da instituição não vão se pronunciar sobre o recebimento da denúncia pela Justiça de São Paulo.
Segundo o levantamento feito pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, as fraudes vinham sendo praticadas há pelo menos 10 anos. Os acusados usariam dinheiro de doações dos fiéis para benefício próprio. A investigação constatou que a movimentação chegaria a R$ 1,4 bilhão por ano em dízimos coletados em 4,5 mil templos em 1,5 mil cidades do País. Só no período de 2003 a 2008, os depósitos para a Igreja Universal do Reino de Deus alcançaram R$ 3,9 bilhões.
Segundo explicação do Ministério Público, os líderes religiosos consumiam grande parte das pregações com a defesa da coleta dos dízimos, argumentando que os recursos seriam necessários para a compra de óleos santos de Israel, para o financiamento de novos templos e para custeio das transmissões de cultos e mensagens religiosas em emissoras de rádio e televisão.
Para facilitar a arrecadação, seriam recebidos valores por meio de cheques, além de doações de bens como carros. Entre as supostas irregularidades constatadas na investigação estão a abertura de empresas de fachada e o envio ilegal de dinheiro para o exterior. Os acusados também procurariam se favorecer da imunidade tributária concedida pela Constituição Federal aos templos religiosos. Eles investiriam os valores destinados à Igreja Universal, sobre o qual não incidia a cobrança tributária, na aquisição de bens particulares, entre os quais imóveis, veículos e joias.
Os recursos obtidos por doações seriam aplicados em duas empresas de fachada: a Unimetro Empreendimentos e a Cremo Empreendimentos, ambas seriam encarregadas do esquema de envio de dinheiro para o exterior. As remessas iriam para contas nos chamados paraísos fiscais, em que os favorecidos têm vantagens como sigilo e baixo custo de movimentação.
Depois esses valores retornariam ao País na forma de contratos que permitiam a legalização do uso do dinheiro na compra de empresas de comunicação. Em 2004 e 2005, essas empresas movimentaram em torno de R$ 71 milhões.

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