quarta-feira, 5 de junho de 2013

Estar apaixonado não é a base de um casamento feliz          

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Gary Chapman
Geralmente falamos de “ficar apaixonados”. Quando ouço essa expressão, me vem à lembrança a caçada de animais na selva. Cava-se um buraco no meio da trilha que conduz o animal à fonte de água; camufla-se a cova com galhos e folhas. O pobre animal passa, cuidando da própria sobrevivência. Então, de repente, ele cai na armadilha e fica preso.
É assim que falamos do amor. Estamos caminhando e fazendo nossas atividades normais; então, de repente, olhamos para o outro lado da sala ou do corredor, e lá está ela ou ele — ahá!, “nos apaixonamos”. Não há o que fazer a respeito. É algo totalmente fora de nosso controle. Sabemos que estamos destinados ao casamento: quanto antes, melhor. Então contamos a nossos amigos, e, como eles funcionam pelo mesmo princípio, concordam que, se estamos realmente apaixonados, então é hora de casar.
Com frequência deixamos de considerar o fato de que nossos interesses sociais, espirituais e intelectuais estão a quilômetros de distância. Nossos sistemas de valores e objetivos de vida são contraditórios, mas estamos apaixonados. A grande tragédia resultante dessa percepção de amor é que, um ano depois do casamento, um casal se senta no consultório de um terapeuta e diz: “Nós não nos amamos mais”. Portanto, eles estão prontos para se separar. Afinal, se o “amor” acabou, “certamente o senhor não espera que fiquemos juntos”.
Tenho uma palavra diferente para a experiência emocional que descrevi acima. Chamo-a de “formigamento”. Experimentamos sentimentos calorosos, vívidos e latejantes por alguém do sexo oposto. É o formigamento que nos motiva a ir com ele ou ela a uma lanchonete. Às vezes perdemos o formigamento no primeiro encontro. Descobrimos algo sobre a pessoa que simplesmente paralisa nossas emoções. Da próxima vez que ela nos convida para um lanche, não temos fome. Porém, em outros relacionamentos, quanto mais estamos juntos, mais o sentimento formiga. Em pouco tempo, nos vemos pensando naquela pessoa dia e noite. Nossos pensamentos são obsessivos por natureza. Vemos o outro como a pessoa mais maravilhosa e excitante que já conhecemos. Queremos estar juntos a cada momento possível. Sonhamos em compartilhar o resto de nossa vida, fazendo um ao outro feliz.
Por favor, não me entendam mal. Acho que o formigamento é importante. É um sentimento real, e sou a favor de sua continuidade. Mas ele não é a base para um casamento satisfatório. Não estou sugerindo que alguém deve se casar sem o formigamento. Esses sentimentos calorosos e estimulantes, o arrepio, aquela sensação de aceitação, a excitação pelo toque que leva ao formigamento, são como a cereja do bolo. Mas um bolo não é só uma cereja.
Estar apaixonado é uma experiência emocional e obsessiva. Entretanto, as emoções mudam e a obsessão desaparece. Pesquisas indicam que o tempo médio de duração de uma “paixão” é de dois anos. Para alguns pode ter durado um pouco mais; para outros, um pouco menos. Mas a média é de dois anos. Então a embriaguez emocional diminui e os aspectos da vida que não considerávamos em nossa euforia começam a se tornar importantes. Nossas diferenças começam a emergir, e em geral nos descobrimos brigando com a pessoa que acreditávamos ser perfeita. Agora constatamos por conta própria que estar apaixonado não é a base de um casamento feliz.

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