A
arte de calar
“Todo homem seja pronto
para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar”. (Tg.1.19)
É muito importante a
capacidade de se comunicar de modo claro e eficiente. Contudo, saber calar
também é algo valioso e ainda mais difícil.
As palavras têm um
grande poder e, uma vez ditas, não podem ser recolhidas. São como flechas que,
tendo sido atiradas, não podem ser contidas pelo flecheiro. Notamos, portanto,
a importância do controle sobre as palavras, de modo que sejam liberadas com
prudência e “economia”, pois “na multidão de palavras não falta
transgressão; mas o que refreia os seus lábios é prudente” (Pv.10.19).
Existem circunstâncias em que o melhor a fazer é manter o silêncio.
“Bom é ter esperança, e
aguardar em silêncio a salvação do Senhor” (Lm.3.26).
- Quando estamos sob forte tribulação ou logo após um
fracasso, temos a tendência de
falar bobagens, inclusive murmurando contra Deus, como fizeram
os israelitas diante
das intempéries e privações do deserto. “E
todos os filhos de
Israel murmuraram
contra
Moisés e contra Arão;
e toda a congregação lhe disse:
Ah!
Se
morrêramos na terra do Egito! Ou, ah! Se morrêramos neste deserto”
Nm.14:2
No
meio das dificuldades,louvemos ao Senhor e não murmuremos. “Para que a minha
alma
te cante louvores, e não se cale. Senhor, Deus meu, eu te louvarei para
sempre”
(Salmo 30.12). “Em
tudo dai
graças porque esta é a vontade de Deus
nos.
- Quando vemos o erro, o
pecado ou insucesso de outra pessoa, nossa língua parece procurar os ouvidos de
alguém para contar a notícia. Se não pudermos falar algo para ajudar nosso
próximo, é melhor que nos calemos. Às vezes o caso exige denúncia ou conselho,
mas normalmente a questão não é essa e acabamos cometendo a maledicência e a
difamação. Temos um tribunal dentro de nós: a consciência, e queremos aplicá-la
sobre os outros, como se tivéssemos o direito de julgá-los e condená-los (Tg.4.11-12).
Dessa forma, atraímos condenação sobre nós mesmos (Tg.5.9).
- Quando vemos operações
sobrenaturais, uso de dons espirituais ou mesmo práticas litúrgicas no meio
cristão que porventura sejam diferentes das nossas, não devemos ser apressados
na crítica ou condenação. Não somos obrigados a gostar nem concordar com tudo,
mas a pressa em nos pronunciarmos a respeito pode levar ao pecado. Na maioria
das vezes, é melhor calar.
- Quando orarmos, não
sejamos exagerados em nossas frases, pois podemos estar mentindo,
principalmente no que diz respeito aos votos. É melhor evitá-los do que
prometermos aquilo que não podemos cumprir. Tal atitude pode trazer a punição
divina sobre nós.
“Chegar-se para ouvir é
melhor do que oferecer sacrifícios de tolos... Não te precipites com a tua
boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma na presença de
Deus... portanto, sejam poucas as tuas palavras. (Ec.5.1-2).
“O Senhor está no seu
santo templo; cale-se diante dele toda a terra” (Hab.2.20).
“Irai-vos e não pequeis;
consultai com o vosso coração em vosso leito, e calai-vos” (Salmo 4.4).
“A morte e a vida estão
no poder da língua. Aquele que a ama comerá do seu fruto” (Pv.18.21)
“Por tuas palavras serás
justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt.12-37).
“A palavra dita a seu
tempo, quão boa é!” (Pv.15.23)
“Como maças de ouro em
salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Pv.25.11)
“Vês um homem
precipitado nas suas palavras? Maior esperança há para o tolo do que para ele” (Pv.29.20).
“Se alguém não tropeça em palavra,
esse é homem perfeito, e capaz de refrear também todo o corpo”
(Tg.3.2).
“O que guarda a sua boca
preserva a sua vida; mas o que muito abre os seus lábios traz sobre si a ruína”
(Pv.13.3).
"O que guarda a sua
boca e a sua língua, guarda das angústias a sua alma" (Pv.21.23).
“Até o tolo, estando
calado, é tido por sábio; e o que cerra os seus lábios, por entendido” (Pv.17.28).
Se falarmos, que seja
para a edificação (Ef.4.29). Sempre que possível, nossas palavras devem ser
positivas.
O domínio próprio é
parte do fruto do Espírito. Que ele nos ensine a calar ou falar quando for
preciso. Que não pequemos pela omissão nem pela precipitação. Que o Senhor nos
dê sabedoria para administrar o poder dos nossos lábios, de modo que ele seja
usado somente para a glória de Deus.
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